quarta-feira, 18 de junho de 2025

ZÉ CARIOCA - 1 CAPA, 2 REVSTAS

Ainda sob o mote dos quadrinhos Disney, estive visitando o blog de um velho amigo quando vi a capa que ele postou, da revista do Zé Carioca 1831. Como ele foi sucinto, resolvi pesquisar no Inducks para saber em que ano ela foi publicada e acabei me deparando com outras informações que gostaria de compartilhar a quem me prestigia dando seu tempo a este blog. Vamos lá!

Essa capa é creditada ao grande Moacir Rodrigues Soares, que mandava muito bem naquela época, em Junho de 1988. Lembre-se que foi ele também quem fez as capas que mostrei na postagem anterior, sobre a revista da Margarida e do Donald. Como o amigo Roniere bem comentou em seu blog, ficou muito engraçado o Zé Carioca se esconder para não comparecer ao casamento, mostrando que ele não queria saber desse assunto nem de brincadeira. Eh, Eh! Capa bem legal, engraçada, envolvente e muito brasileira, pois essa alusão às festas juninas é muito o nosso povo. Depois do dia dos namorados, em 12 de Junho, comemora-se o dia de Santo Antonio, o santo casamenteiro, logo no dia 13.
A revista do Zé Carioca sempre foi muito querida pelos brasileiros que gostam dos quadrinhos Disney. Essa foi uma fase muito boa. O que chamou  atenção foi que essa arte de capa também foi colocada em outra revista, a Zé Carioca 2336, de Junho de 2009. Curioso que dessa vez os créditos foram para Aparecido Norberto e não ao Moacir. A gente fica sem entender, vez que se trata do mesmo desenho, mudaram apenas algumas coisinhas.
A revista de 1988 trouxe as seguintes histórias:
...ACENDE A FOGUEIRA DO MEU CORAÇÃO - desenhos de Euclides K. Miyaura, publicada de novo abrindo a revista do Zé Carioca 2336, em Junho de 2009.

OS PIRATAS DO RIO - Ideia de Joel Katz, roteiro de Les Lilley, dessenhos de Josep Tello Gonzales, com origem na Dinamarca, foi publicada também na Alemanha, Chile, Egito, Finlândia, França, Holanda, Islândia, Itália, Iugoslávia, Noruega e Suécia.

É LOGO ALI - desenhos de Carlos Edgard Herrero, publicada também na revista do Zé Carioca 1409 e 2129.

GOLPE DE TIRAR A CARTOLA - Ideia de Gail Renard, roteiro de Donne Avenell e desenhos de Juan Torres Pérez, com origem na Dinamarca, foi publicada também na Alemanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Noruega, Reino Unido, República Techa, Suécia e Ucrânia.

QUE SUTO, MEU! - desenhos de Euclides Miyaura, publicada também na revista do Zé Carioca 2130.

A de 2009 trouxe:
...ACENDE A FOGUEIRA DO MEU CORAÇÃO - desenhos de Euclides K. Miyaura, letras do Estúdio Lua Azul, publicada também na revista do Zé Carioca 1831

O VIAJANTE DO TEMPO - roteiro de Carlos Alberto Paes de Oliveira, desenhos de Renato Vinicius Canini, publicada também na revista do Zé Carioca 1197 e Disney Jumbo 9.

ZÉ DO BREAK - desenhos de Roberto O. Fukue, publicada também na revista do Zé Carioca 1739 e Disney Big 34.

VOCÊ COMPROU SEU CHOP-CHOP? - roteiro de Júlio de Andrade, desenhos de Renato Vinicius Canini, publicada também na revista do Zé Carioca 1327 e no Almanaque do Zé Carioca 22 (2a. série).

É O FIM DO MUNDO! - desenhos de Roberto O. Fukue, publicada também na revista do Zé Carioca 1761 e no Almanaque do Zé Carioca 28 (2a. série).

UMA BRIGA POR AMOR - desenhos de Robeto O. Fukue, publicada também na revista do Zé Carioca 1761 e  no Almanaque do Zé Carioca 28 (2a. Série).

Interessante, né? Era comum que as histórias do papagaio fossem republicadas em sua própria revista, de tempos em tempos. Acredito que haja outras capas que foram reaproveitadas, como fizeram em relação a essa, só não me lembro quais.

Termino o post colocando o link do blog U2 e Gibis, do amigo Roniere, convidando vocês a conhecerem. Clique aqui

Links de Pesquisa:

sexta-feira, 13 de junho de 2025

ATUALIZAÇÃO: MARGARIDA

Atualização: versão em vídeo no fim do post.

Margarida foi criada por Al Taliaferro em 9 de Janeiro de 1937, aparecendo em um curta-metragrem (como são chamados os desenhos animados com pouco tempo de duração) e indo para os quadrinhos em 1940, em uma história que só foi publicada no Brasil em 1973, na revista Cinquentenário Disney 1, com o nome: Donald Encontra Margarida (Mr. Ducks Steps Out). Na verdade, essa historinha é nada mais, nada menos que um dos curtas-metragens mais conhecidos e alegres de Donald, datado de 1940.

Em 1937, atribuem sua primeira aparição no curta-metragem Don Donald -- Donald vai ao México para se encontrar com ela (hoje em dia, eu jamais faria esse tipo de sacrifício em busca de um pouco de diversão). Entretanto, o nome original da personagem era Donna, sendo que o nome da reconhecida Margarida sempre foi Daisy. Esse detalhe até hoje causa certa divisão entre fãs dos trabalhos clássicos de Walt Disney. Para 'ajudar' no rolo, produziram, em 1951, algumas tirinhas introduzindo a Donna como rival de Daisy. A Disney tem dessas maluquices. Quem nunca se perguntou porque o Pateta dos desenhos para TV tem coisas que não encontramos no Pateta dos quadrinhos? Seu próprio filho, por exemplo, não faz parte do universo dele nos quadrinhos -- quem vemos com ele, algumas vezes, é o sobrinho Gilberto.

Voltando ao foco, Margarida é a versão feminina de Donald, tal como Minnie é a de Mickey. 

Há um tempo atrás, quando eram fortes os grupos de discussão sobre os quadrinhos Disney na Internet, percebi que uma galera não gostava nada do jeito de Margarida; achavam-na abusada pelo seu temperamento explosivo (sendo que Donald também tem) e sua conduta duvidosa em relação ao Gastão, por dar bola demais a ele, principalmente nas investidas dele que, segundo alegavam, eram humilhantes para Donald -- onde já se viu uma namorada tmeperamental que ainda o humlhava dessa maneira?

Não creio que essa tenha sido a intenção em torno da personagem. Fiquei até surpreso pela machaiada demonstrar seu incômodo com isso -- um envolvimento sério para meros personagens de quadrinhos. Deixa o pato, gente. Deixa o pato... Ah, Ah!

E com esse temperamento, não é que a editora Abril resolveu produzir o gibi dela? A revista em quadrinhos da Margarida chegou "causando", logo na estreia, provocando os defensores do Donald até no marketing:

Moacir Rodrigues Soares foi muito feliz nos desenhos da capa -- um dos grandes craques dessa época de produção de HQs.

Sim, as duas revistas ganharam as bancas, em 18 de Julho de 1986, contendo 44 páginas, custando Cr$ 4,50 (quatro cruzeiros e cinquenta centavos). Coloco, a seguir, uma pincelada do que tinha no interior de cada uma:

O PACOTÃO - roteiro de Marcelo Aragão, desenhos de Roberto O. Fukue, publicada também na Espanha, França, Grécia, Itália e Portugal.

ESTOU DANDO FORA, ESTUDANDO FORA? - roteiro de Gérson Luiz Borlotti Teixeira, desenhos de Euclices K. Miyaura, publicada também na Colômbia, França, Itália e Portugal.

ASSALTANTES PERNAS-DE-PAU - roteiro de Les Lilley, desenhos de Daniel Branca, com origem na Dinamarca, publicada também na Alemanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Islândia, Itália, Noruega, Polônia, Portugal, República Checa e Suécia.

O SAPATEIRO QUE ENCHIA O SAPATO - roteiro de Leendert-Jan Vis, desenhos de José Colomer Fonts, com origem na Holanda, publicada também na Espanha e em Portugal

Agora vamos à da Margarida:
UMA NOVA MARGARIDA - roteiro de Gérson Luiz Borlotti Teixeira, desenhos de Euclides K. Miyaura, publicada também na Alemanha, Colômbia, França e Itália.

O SAPATO DEU UMA MÃO! - ideia de Joel Katz, roteiro de Bob Bartholomew, desenhos de Josep Tello Gonzalez, com origem na Dinamarca, publicada também na Alemanha, Egito, Estônia, Finlândia, Holanda, Islândia, Itália, Iugoslávia, Letônia, Lituânia, Noruega, Reino Unido e Suécia.

SUCESSO EMBOLADO! - roteiro de Bob Gregory, desenhos de Jaime Diaz Studio, com origem nos estúdios Disney dos EUA, publicada também na Alemanha, Itália e Iugoslávia.

HOMENS, TREMEI! - roteiro de Arthur Faria Jr., desenhos de Eli Marcos M. Leon, publicada também na Alemanha, Bulgária, Dinamarca, Finlândia, França, Holanda, Islândia, Itália, Noruega e Suécia. 

E você? Gosta da Margarida? Você sabia dessas informações a respeito dela? Você se lembra do gibi da Margarida? Estou esperando seu comentário. 

Confira a versão em vídeo: Margarida, origem e revista.

Um abraço, tudo de bom!

Links de pesquisa:

domingo, 8 de junho de 2025

CONTOS DE BEBÊ REBORN

E aí, leitores rebornes, tudo bem com vocês?

Quero divulgar o mais novo "filho reborn" a integrar a família de ebooks na Amazon.

Ele conta com 81 páginas, embora sabemos que isso varia de acordo com o modo como a pessoa lê no Kindle, pois é possível ampliar as letras, as imagens, proporcionando maior comodidade. 

Se nos ebooks anteriores o(a) leitor(a) assíduo(a) percebeu a presença de uma e outra imagem ilustrativa, não apenas texto, texto e mais texto, agora os(as) leitores(as) se deleitarão em várias imagens que fiz questão de idealizar no intuito de proporcionar maior imersão ao clima. Elas foram engendradas por mim e geradas pelo Ideogram e Gemini: duas ótimas plataformas de inteligência artificial.

Além desse recurso visual bem bacana, a obra literária contém cinco contos e quatro minicontos. Dois minicontos se encarregam de revelar as primeiras nuances do espírito da obra literária -- aquele início como quem diz: "ó, o conteúdo é assim, você está certo de que deseja prosseguir em sua leitura?", e os outros dois fecham o álbum. Entre eles, estão os cinco contos -- um mais interessante que o outro, escritos por mim mesmo, pois eu sou masoquista, adoro ter o trabalho imenso de um escritor dedicado.

"Mas você falou por aí que a IA deu as ideias...". Sim, a princípio, eu iria apenas copiar e colar tudo o que a IA me entregasse, mas meu egocentrismo deve estar tão pica das galáxias, que li os contos e achei tudo muito estranho e facilmente desabonador. Não sou modesto, eu vi aquilo e falei "eu escrevo anos-luz melhor", então sentei o cu gordo e fedido na cadeira e escrevi. Eu devo ser muito tolo pro desafiar uma inteligência, mas esse sou eu. Se os contos da IA fossem bons, eu teria aproveitado, sim. Sem problemas. Quando eu escrevo, parece que outra pessoa vem e toma conta de mim -- é como alguém que me diz o que fazer, como deseja que eu faça. Só que não! É só minha cabeça.

O bom de escrever é que me satisfaço em colocar determinadas coisas que (acredito) nem todo mundo perceberá. Se perceber, não sei se saberá como é essa satisfação. Por exemplo:

-- em Bezerrão Desmamado, o mais legal para mim não esteve em mostrar o cerne; eu adorei usar a imaginação para brincar com o Carlos ao colocá-lo como o filho adulto que mama nas tetas do pai endinheirado. Adorei colocar o momento em que ele está com a Micka, a mulher interesseira de seu pai poderoso que sabe que ela não está com ele por amor, mas o relacionamento é conveniente porque ela é uma tremenda de uma gata e é boa para ele. Adorei ela manipulando a cabeça do marido para desmamar o Carlos, um perturbado almofadinha que precisava logo arrumar o próprio canto em vez de ficar ali, usufruindo de coisas que deveriam ser apenas para ela e seu filhinho. Adorei colocar a rispidez de Carlos contra Micka, literalmente tratando-a como intrusa, sanguessuga, e a manipulação dela em seguida. Acho que alguém já captou a referência, já entendeu o que eu quis dizer. É uma diversão à parte, nas entrelinhas, não está ali para que ninguém veja, por isso considero esse ebook uma experiência nova que me foi prazerosa.

Bom, não vou me prolongar. O ebook está na Amazon, custa 5,99 (cinco reais e noventa e nove centavos). Não pretendo colocá-lo em promoção de livro gratuito. Não durante este ano. A promoção do ebook gratuito é maravilhosa, só que muitos baixam e não leem, sendo que eu só ganho quando sou lido pela primeira vez. A pessoa pega de graça e não me lê, ou me lê um ano depois, sabe-se lá quando, então não ganho agora. Quem tem a assinatura do Kindle Unlimited lê de graça. 

Estou muito feliz por esta obra literária -- este "bebê reborn" que levou mais tempo do que inicialmente planejei, mas me proporcionou momentos de alegria e satisfação. Avançar no meu patamar de escrita é uma realização muito minha, graças às leituras que venho tendo. Olho para trás e vejo que hoje estou melhor que ontem. Que bom!

Se ainda não clicou no link, a hora é essa, clique aqui, REBORN, e pegue o seu. 

quarta-feira, 4 de junho de 2025

O ECO DO MESTRE, A PERDA DO PENSAMENTO PRÓPRIO E O SILÊNCIO DA RAZÃO

"Em um país onde todos foram doutrinados a seguir o Mestre, ninguém mais tinha pensamento próprio" -- a frase ecoa como um aviso lúgubre, um prenúncio de um futuro distópico que, ironicamente, parece já habitar nosso presente. A cada dia, somos sutilmente moldados por forças que, sob o pretexto de nos informar, entreter ou conectar, parecem ter um objetivo maior: formatar nossas mentes.

Não se trata mais da censura ostensiva de outrora, com jornais apreendidos e livros queimados em praça pública. A censura moderna é mais insidiosa, operando no cerne de nossa percepção da realidade. Ela não mostra claramente que visa proibir uma fala, mas direciona o pensamento, objetivando replicação e absorção em massa. Através de algoritmos que personalizam nossos feeds de notícias e redes sociais, somos expostos a um fluxo constante de informações que reforçam nossas crenças existentes, criando bolhas de ressonância onde a divergência é rara e o contraditório é invisível. A repetição incessante de narrativas específicas, impulsionadas por interesses políticos ou comerciais, acaba por solidificar "verdades" que raramente são questionadas.

A consequência é a atrofia do pensamento crítico. Se a informação que recebemos é sempre pré-selecionada para nos agradar ou para nos conduzir a uma determinada conclusão, a necessidade de analisar, ponderar e formar uma opinião individual diminui drasticamente. O debate saudável é substituído por clichês prontos e slogans polarizadores. A complexidade do mundo é reduzida a hashtags e memes, e a profundidade de uma discussão, a um número de curtidas ou compartilhamentos.

Nesse cenário, a capacidade de pensar por si mesmo torna-se um ato de resistência. A doutrinação moderna pode não silenciar a voz, mas ela certamente busca calar a mente pensante. Quando a sociedade inteira parece marchar em uma única direção ideológica, ditada por influências nem sempre transparentes, aqueles que ousam questionar se veem isolados, taxados de gado, desinformados, negacionistas, conspiracionistas, fascitas etc. O medo do sistema que se torna obscuro, incerto e nocivo ao raciocínio questionador faz do conformismo uma escolha sedutora, mesmo que inconsciente.

E é aí que reside a verdadeira censura: na supressão da diversidade de ideias, antes mesmo que elas possam ser formuladas. O sistema não precisa proibir um livro se ele já conseguiu convencer as pessoas de que aquele livro não vale a pena ser lido, ou pior, de que a própria leitura crítica é desnecessária. Quando a capacidade de formular uma opinião autônoma é corroída, a liberdade de expressão torna-se uma casca vazia. Afinal, de que adianta ter o direito de falar se não há mais o que dizer de forma verdadeiramente própria?

A urgência de reativar o pensamento crítico é palpável. Isso exige um esforço consciente para questionar as narrativas predominantes e, acima de tudo, permitir que a própria mente vagueie e explore, encontrando-se livre das amarras invisíveis que buscam nos manter no rebanho do Mestre.

domingo, 1 de junho de 2025

ANTOLOGIA CHULÉ DE ARROMBADOS

Há alguns dias, recebi de alguém que conheço uma proposta de colocar um conto meu em uma antologia. Fiquei curioso para saber de qual editora se tratava, quais os termos e quanto me custaria para participar. Para quem não sabe, nesse universo literário existem editoras que vivem produzindo antologias, os lucros vêm oriundos da participação de cada autor que, por sua vez, ganha alguns exemplares físicos para mostrar aos seus queridos. Há preços bons, em que compensa ao autor tal investimento, sabendo que ninguém (além dos envolvidos) lerá seu conteúdo, mas é bom porque o autor gastaria muito mais para publicar aquilo por conta própria. Há preços em que não são tão bons, e isso fica a critério do bolso de cada um.

Para minha surpresa, a antologia seria produzida por essa pessoa, de maneira independente, eu não pagaria nada, pois seria uma ação de ajuda mútua entre "amigos". Essa pessoa tem um talento enorme, mas eu, normalmente, não costumo ingressar em atividades visando o bem coletivo de amigos escritores -- os amigos escritores que se fodam, quem realmente é meu amigo escritor nem viria me propor esse tipo de coisa. Você já vai entender porquê.

Passou um tempo, muita coisa aconteceu, estava eu coçando as herroidas do meu toba, eis que vejo uma postagem divulgando a tal antologia. "Já tá pronta", pensei. Fui seco, curiosão, ver qualquer tipo de informação. Ah... 

Dos contos, conheço 90%, alguns eu li em ebook -- maravilhosos por sinal -- e outros eu ouvi em audiobook, em um certo canal que lida com vídeos de audiobooks, no YouTube. Até achei interessante adquirir esses que conheci como "áudio", pois absorvê-lo escrito é uma outra história, mas eu tenho uma coisa horrível dentro de mim.

ODEIO FAZER CARIDADE

Porque, em termos de publicação independente digital, ninguém fica mais rico ou mais pobre por meio de um ato isolado de caridade, é pura perda de tempo; e depois, a sombra desses autores fica perturbando à espera de algum posicionamento seu, que pode nem "rolar", então adquirir uma produção literária nesses moldes é masoquismo. Masoquismo, para mim, só algo carnal entre quatro paredes.

Por que não divulgo a obra? Pura pirraça! Eu já conheço quase tudo, e o que me interessou, talvez, eu consiga de outro modo, mas o motivo maior foi o que me deixou agoniado: a impressão de desleixo.

Eu me lembrei dos meus tempos de escola, quando eu era um gordo desengonçado horroroso, cabelo ensebado, colado na cabeça como um capacete, rosto cheio de espinhas, triste, cheio, gorduroso, roupas rasgadas ou tortas que mal cobriam minhas tetas, e a "tia" então passava um trabalho em equipe. Sempre uns dois ou três, de repente, colavam em mim. Por quê? Porque essa era a única hora em que eu interessava a eles. O gordo nerd esquisito que iria fazer o trabalho todo para eles levarem nota. Pois é... Quando eu olhei essa antologia, o pouco do que pude ver, fiquei com essa sensação, então me emputeci.

Por que escritores talentosos não se esforçam um pouco para mostrar um ebook legalzinho? Poxa, os caras estão dando um tiro no próprio trabalho! Que saco! 

Vocês têm ideia do que é escrever um ebook? Um simples conto pode consumir várias e várias horas, dias, semanas, onde o autor poderia estar fazendo qualquer coisa, até batendo punheta, mas está ali, escrevendo, criando, dando o melhor de si. Dai ele finda sua história e faz o quê? Vai atrás de uma capa legalzinha para divulgar "pruzamigus", em redes sociais e ao caralho a quatro? Não. Colocam um negócio xexelento como capa, algo que nem os jovens da quinta série fazem de forma tão precária. Não posso falar do interior, pois eu prefiro acreditar que o interior não está como no arquivo que me foi passado na ocasião da proposta. Prefiro acreditar que não está daquele jeito!

Eu pergunto: se foi uma ação em conjunto para divulgar o talento dos colegas, não teve nenhum deles capaz de proporcionar uma capa mais bonitinha? Todo mundo se conformou com aquela coisa chulé como meio de apresentação de seus trabalhos? Se eu tivesse ingressado nessa antologia, jamais teria permitido que colocassem aquela capa cretina. E é exatamente isso que alguns autores querem -- criar amizades com alguns amigos que possam carregá-los nas costas. VSF CARALHO!

Eu estou cansado de um pessoal que vem cheio de boas intenções, um discurso lindo e depois me usa. Não exatamente me usa, preciso ser sincero aqui: sou EU que me prontifico a ser prestativo, tem uma grande diferença, pois a iniciativa parte de mim, então essas pessoas não têm a menor culpa, mas o fato é: estou cansado de me dedicar à mediocridade, achando que tal pessoa vai se aperfeiçoar e melhorar, quando na verdade ela não quer, ela quer que o palhaço aqui continue batendo palmas, elogiando, sendo atencioso, carinhoso. E a pessoa ainda começa a "se sentir". 

Ah, meus queridos! Eu estou há quinze dias elaborando um ebook de contos de bebê reborn. 15 DIAS! Quinze dias preso, por, no mínimo, cinco horas em uma cadeira junto à mesa de minha cozinha, à frente do meu notebook. Depois de criar, é reler, reler de novo, reler mais uma vez, sempre ver algo para mudar aqui, ali, ajeitar, etc. ISSO é ter capricho, é zelar pelo que se faz! 

A ideia inicial, vou ser bem sincero aqui, era pegar um monte de contos elaborados pelo Chat GTP e simplesmente dar um copia e cola. Não tenho nada contra isso. Acho a inteligência artificial super prática. SÓ QUE EU NÃO QUIS! Eu escolhi o caminho mais tradicional e difícil. E eu escolhi porque eu sei o meu potencial, eu sei que posso levar para as pessoas algo melhor. Talvez eu seja burro, pois copiar todos os contos da IA e fazer disso um ebook não levaria mais do que um dia. 

Eu -- que fico ocupando meu precioso tempo dando o melhor de mim -- não quero mais ficar no meio da mediocridade. É fato que existem autores que não conseguem fazer muita coisa. Mas eu me refiro a uma ação em que EU SEI que poderiam ter feito melhor e ninguém tomou a iniciativa de fazer. É sobre isso! É sobre saber que aquilo poderia ser melhor, se alguém tivesse um pouco mais de boa-vontade em vez de sempre esperar ser lido pela compaixão de coleguinhas. 

"Ah, assim tá bom, ninguém vai ler mesmo", "brasileiro não lê", "tá bom assim", VSF com esse derrotismo, seu arrombado! Tantas horas, tanto tempo empregado, para isso?! Esse é o espírito que vocês colocam em suas obras? Por que vocês ainda escrevem? 

Para fazer ebooks porcos, é melhor se dedicarem a um blog, pois um blog não exigirá do autor certas peculiaridades do ebook. É bem mais fácil colocar seus textos em um blog, que fica lindo e primoroso, todo mundo acessa, todo mundo lê facilmente. Vocês não deixarão de ser escritores por causa disso, e até terão seus escritos mais valorizados, pois o visual de um blog é interessante.

Venham para o Blogger e parem de passar vergonha na Internet! Essa putaria de vocês, além de não ser nada interessante, ainda queima o filme dos outros.

Vocês são muito talentosos! De verdade! E dá raiva, como eu fico puto ao ver que cagam em cima do talento que possuem. Se querem mesmo publicar seus textos de forma independente, mas não se interessam em apresentar bem um ebook, venham para o Blogger.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

FOTOS DE REBORN

Algumas imagens que pedi para a IA fazer pra mim. Ainda não sei quantas delas usarei em meu novo ebook que trará vários contos com o tema "bebê reborn". Adianto que não são contos fofos, mas tem sido muito bom me dedicar a eles.

Fico na dúvida se é boa ideia colocar várias imagens em um ebook. Antigamente, os livros não traziam imagens, apenas a capa e, às vezes, uma ilustração no começo. Hoje, percebo que posso usar esse recurso e colocar quantas imagens quiser, mas será que os leitores gostam? Será que é bom?

Penso em usar uma imagem correspondente ao começo de cada conto. As demais, não sei se apenas ficarão de fora ou se coloco depois, em uma espécie de posfácio ou bastidor.
Um abraço.






sexta-feira, 16 de maio de 2025

O JARDINEIRO e CASSANDRA [SPOILERS]


Essas duas séries que vi há pouco na Netflix tem algo em comum: feitas como mero entretenimento leve para quem quer esperar o sono, relaxar em frente a TV, sem ter que raciocinar tanto diante da história contada. Ambas possuem pouquíssimos episódios e ambas nadam de braçada no clichê.

O JARDINEIRO é uma produção espanhola que conta a história de Elmer, um cara novo e estranho que vive em um casarão com sua mãe ex-atriz, bonitona, gostosona e com o dedo podre. 

Elmer não possui sentimentos -- isso mesmo, ele não sente desejos, não se comove com os outros, não tem capacidade de empatia, apenas sente uma coisa: incômodo com a presença de outros humanos, principalmente quando se trata de um grupo. Do entendimento que eu tive, a mãe se aproveitou disso para fazer dele um matador de aluguel. 

A partir daqui tem spoilers

A casa tem um imenso jardim, adivinhe para quê. É fácil, este é um dos clichês. O outro clichê: ele se apaixona pela pessoa que deveria matar: uma ruiva bonita, também nova, mas nota-se que já sabe das coisas. Enquanto ele é o cabação virgem, ela é experiente até demais na anatomia masculina. O outro clichê: ele, completamente apaixonado e devaneando uma vida juntos, a flagra com outro. O outro clichê: a mãe dele ficar doida de raiva porque está perdendo seu lugar e também porque ele precisa matar a garota para a mãe receber a grana combinada que serviria para solucionar seus problemas, pois ela tem uma história. Outro clichê: a mãe vingativa que passa a ter o papel de vilã. Outro clichê: dois investigdores desacreditados que se empenham em pegá-lo para se tornarem honrados.

Apesar dos clichês, o que para mim não é nenhum problema, desde que seja uma boa trama, eu gostei da série. As últimas cenas me fizeram dar gargalhadas de tanto rir. Isso mesmo. A situação foi toda resolvida, embora ficou uma promessa de segunda temporada. Será? Série divertida, no sentido que é agradável ver.

💓💓💓

CASSANDRA é uma produção alemã sobre uma família que se muda para uma casa totalmente automatizada por uma inteligência artificial chamada Cassandra, que tem rosto de governanta balzaquiana e conservadora e conta com monitores espalhados por todo o interior da casa, além de um robô do tamanho de um ser humano. Esse robô perambula pela casa, cheio de funcionalidades, até bate punheta. É, isso ficou meio que dado a entender em um ponto da coisa toda, assim como deu a entender que o cara não era gostoso só de roupa (mas calma, é uma série para toda a família, esses detalhes a gente capta, não são tão explícitos).

Vamos aos spoilers e clichês

A rebelião da IA contra os humanos.

NÃÃÃO!! JURA?! COMO É QUE EU NUNCA PENSEI...? 

-- Mas a diferença está nos detalhes -- alguém pode alegar. Só que não! 

Não há nada que salve essa série que é clichê em cima de clichê. É toda clichê a cada minuto. A máquina querendo sacanear a mulher, para ocupar o lugar dela na família, primeiro pregando peças, depois botando os filhos contra ela, depois o marido, depois fazendo todo mundo pensar que ela é louca, hospital psiquiátrico, familia descobre tudo, a máquina prende todos e põe o terror etc. Não é difícil imaginar o desfecho, pois é esse mesmo que você já imaginou.

Tentaram dar uma diferenciada ao alternar a realidade presente com o passado em que vemos que Cassandra realmente existiu, foi a mulher de um cara que a corneava à vontade, pois Cassandra era feia, chata, sem graça e ainda achava que o marido deveria se submeter às suas convenções. Até nisso a gente vê clichê. O homem como o perverso, traidor, egoísta e malvado. Ela, a pobre coitada que vai pirando aos poucos e isso justifica sua maldade. 

Vemos uma Cassandra má, mas o cara também não era flor que se cheire. Tem uma pegada envolvendo os filhos dela com o marido, que prefiro nem comentar: se apostaram como um diferencial, achei foi irrelevante, um desperdício. 

No fim, acho que é assim que eu vejo essa série: um completo e desnecessário desperdício. Há coisas que não "colam", por exemplo: ela automatizava as portas e as luzes, mas as pessoas volta e meia passavam por uma porta, em algum lugar, sem precisar que ela as abrisse. Isso porque ela operava de forma onipresente e onipotente o tempo todo. "Heloow!" A mulher saiu do hospício e conseguiu entrar na casa pelo meio mais clichê sem ser notada. Ah, Ah! Sem falar no homem-banana tão comum de ser retratado atualmente. O baita do homenzarrão inteligente e cheio de testosterona que fica bobo e não sabe o que fazer para defender seus filhos, a ponto de a esposa dada como louca ter que sair lá da PQP para vir salvar todo mundo. Aiin...

💓💓💓

Um filme dos anos 80, chamado A MALDIÇÃO DE SAMANTHA, consegue ser melhor que isso aí. Em uma era onde nem se imaginava a Internet, quanto mais inteligência artificial, o rapaz nerd com pinta de cientista e tarado na vizinha loura, muito bonita e visivelmente mais experiente que ele faz dela um experimento pós-morte, pois a garota é morta acidentalmente pelo pai violento, então o rapaz consegue ressuscitá-la por meio de um negócio, tipo um chip da época, não me lembro muito bem, e ele faz dela uma andróide. Samantha volta à vida, só que se torna, literalmente, uma loura de matar! Ah, Ah! 

Esse filme era uma das bombas que os EUA produziam para a garotada, antigamente, mas funcionou bem para o Brasil, sendo exibido várias vezes na TV, até que o politicamente correto fez o filme desaparecer. Os motivos são óbvios: esses trashes possuíam poucos recursos de efeitos, mas distribuíam matança, sangue e cenas horríveis de como a pessoa vai morrendo. 

Hoje em dia, com esse povo algodão-doce, sei não... Quando foi que a nossa sociedade se tornou... "isso"?

Bom, aí está a experiência que tive com essas duas séries. Já sabe qual eu mais gostei, né? As duas podem ser assistidas sem medo. Elas divertem e tal, então, caso alguém queira e realmente as veja, depois me diga o que achou, qual gostou mais. Um abraço.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

PRISON BREAK [COM SPOILERS]

Na postagem anterior, citei PRISON BREAK, uma série que considero muito boa e indico para quem gosta de ação, aventura e suspense envolvendo bandidos confinados em um presídio -- um mais complicado que o outro; tem fuga e novas encrencas longe dali.

A primeira temporada estreou nos EUA em 2005, a quinta e última em 2017. Especulam uma sexta, o que considero inviável. Não há mais história. A quinta já forçou um pouco demais a imaginação ao colocar os caras enfrentando terroristas no oriente médio. Também há rumores de remake. Faz muito tempo que venho percebendo que muitos desses remakes não prestam, pelo motivo óbvio de que estamos em outros tempos: muita coisa escrota, indecente e que proporcionam gatilhos seria retirada, o que considero péssimo. Somos adultos. Se você não pode com esses conteúdos, não veja, bote sua fralda pampers, pegue sua chupetinha e fique vendo o pintinho amarelinho. 

A série não é perfeita. Existem algumas situações em que você para e pensa: "Mas, por quê? Isso poderia ter sido assim e assado", mas ela cumpre bem a missão do entretenimento. 

Apesar de alguns itens que podem acionar gatilhos, eu acho que dá para a família toda ver numa boa. Quando eu era criança, via filmes de terror com bebês matando gente, monstros em parque de diversões, a trasheira de palhaços assassinos e o pau torando na band, de madrugada, será que isso explica minha homosexualidade? Acho que não. Mas se alguém acha que ver filmes pornôs hétero ajuda na heterosexualidade, saibam que na adolescência eu só via pornô hétero, porque nele os caras parece que têm um desejo real. No pornô gay, a impressão que tenho é que nem todo ativo gostaria mesmo de estar ali, naquele papel. Às vezes exageram nas caras e bocas (ou simplesmente não têm nenhuma emoção), então fica tudo artificial. Deve ser por isso que, ultimamente, os filmecos caseiros andam tendo mais aceitação. O cara dá uma pegada no do parceiro sem saber que está sendo filmado, ou sabe, mas nem liga, só quer saber da pica. É muito mais autêntico. Os pornôs héteros que eu assistia também tinham essa coisa de que parecia que os homens sentiam desejo de verdade, por isso valia muito a pena.

Mas, voltando à série, é visível a passagem de tempo a partir da terceira temporada, pois alguns personagens engordaram, outros envelheceram e não houve truque de câmera nem filtro tecnológico capaz de dar um jeito competente nisso. 

1a. Temporada - A história começa mostrando Michael sendo preso. Ele confessa que foi de propósito, pois a intenção era salvar o irmão gostosão com cara de mal e corpo do diabo, condenado à cadeira elétrica. Michael é um estrategista superinteligente de mão cheia. Ele bola um plano, não só para tirar o irmão da cadeira elétrica, mas também para fugir do presídio junto com o pessoal que se empenhar em ajudá-lo. Spoiler: na fuga, tem um presidiário versão Faustão (anos 90), que jura que vai fugir também. É meio que óbvio que ele não consegue, mas o momento prende a nossa atenção, queremos ver se o Faustão vai mesmo conseguir fugir da cadeia, isso rende algumas risadas. Fiquei com pena do velhote que nadou e morreu na praia. Eu gostava dele.

2a. Temporada - São procurados por todos os EUA. O foco está em pegar um a um. Spoiler: há uma peneirada e uma turma vai se ferrar no Panamá.

3a. Temporada - O presídio do Panamá faz com que a penitenciária de Fox River de onde saíram seja um berçário. A situação em Sona, no Panamá, é caótica em todos os sentidos. O inferno deve ser aquilo. Spoiler: gostei muito do negão que comandava a porra toda, foi uma pena ele ter morrido, poderiam ter explorado mais do ator. Ele era excelente!

4a. Temporada - Uma organização poderosa que surgiu na temporada anterior fica em evidência agora, pois o foco está em um negócio misterioso que visa controlar o mundo inteiro. Michael, seu irmão gostosão com pinta de ator pornô e os "amigos" precisam desmantelar essa organização e recuperar o artefato poderoso. Spoiler: atores visivelmente modificados pelo tempo, roteiro cheio de lenga-lenga para justificar a falta de impacto, de matança e de doideira. Já não é a mesma coisa.

5a. Temporada - Michael e a turma vivem uma aventura no Iêmen, um país árabe, e lá eles lidam com o terrorismo. Muita ação, violência e pancadaria, talvez para compensar a água de salsicha que foi a quarta temporada. Spoiler: os primeiros episódios parecem até um remake da primeira temporada, só que feito um pouco diferente, pra não dar muito na cara. O demais episódios, da metade pra frente, conseguem dar uma identidade nova, mas a gente já está cansado, por isso a revelação de que o doido psicótico, estuprador e pedófilo tem um filho já barbado e com pelos no saco não causa impacto -- na verdade, achei bem indesejável, um desperdício ao ator bonitão que poderia ter ganhado um destino melhor.

Foi uma série incrível, mas já estava na hora de acabar. Não creio ser uma boa ideia insistirem em nova temporada. Se querem lucrar em cima desse mote, que façam outra série que traga alguns easter eggies desta.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

ABORRESCÊNCIA, DA NETFLIX

Estava curtindo uma longa série com meu companheiro, chamada PRISON BREAK [se eu não esquecer, em breve pretendo falar sobre ela], quando a internet começou a mostrar muitas postagens em tudo que foi lugar, sobre o lançamento da Netflix: "Adolescência". 

Teve quem focou na toxicidade do menino, no intuito de comparar o comportamento dele em relação ao da vítima; 

teve quem focou no grande drama dos filhos estarem dentro de casa com os pais e, ao mesmo tempo, imersos em mundo mundo completamente desconhecido na Internet, fazendo sabe-se lá o quê; 

houve quem preferiu abordar como envelhecemos neste universo digital, sendo que a maneira como utilizamos simples emojis [aqueles desenhos de carinhas e corações e foguinho etc.] é discrepante ao entendimento que a molecada está atribuindo a cada uma daquelas figurinhas, que agora compreendo que não são tão inofensivas assim. Eu vivo curtindo com coraçõezinhos vermelhos as postagens dos amigos em rede social. Eu achava fofo, que queria dizer que gostei muito, uma epécie de apoio moral e tal. Descobri que, aos olhos da molecada, eu sou a putona-mor da Internet, pois fico ali de sorrisinhos e insinuções para todo mundo;

e vi posts reflexivos sobre bullying e até sobre racismo. 

Quando finalmente terminamos toda PRISON BREAK, resolvemos ver "Adolescência". 

Foi como sair da água e se lambrecar no óleo.

Esse drama de 4 episódios poderia ter sido resumido em apenas 1. Muita encheção de linguiça para uma pauta óbvia e cheia de causas as quais foram jogadas apenas para que todo mundo fosse para a Internet e fizesse exatamente o que fizeram: suas considerações, reflexões, convicções, até mesmo grandes lições moralistas, de forma que enaltecesse a série por abordar tão significativos pontos. A-ham...

O único episódio que realmente teve conteúdo foi o terceiro. Vemos um guri de 13 anos que parece ter 9 e nenhum pingo de juizo, só que uma inteligência de Einsten. 

Ele engana. Negou ter cometido o crime. E você realmente acredita. Você quer acreditar. 

Vemos um pequeno psicopata mestre em dissimular. Poucos brasileiros captarão o comportamento dele, pois a sociedade está se idiotizando de uns anos para cá, graças às novelas e demais entretenimento nacional cada vez mais rasinhos, com pífio impacto e capacidade de refletir sobre a condição humana, nuances da psiquê, vez que a única condição humana que vemos é sempre relacionada ao panorama social e político -- e as pessoas achando super normal que o governo faça uma verdadeira lobotomia em tudo que é entretenimento. 

Voltando ao foco, a gente logo se situa se ele é culpado ou não. Isso é mostrado antes do terceiro episódio. O pai vê o vídeo que mostra o seu filhinho querido, o anjinho de candura que reencarnou ali, matando a menina que o menosprezou gostoso, sem dó nem piedade, porque ela também não valia nada, uma biscate que gostava de ser a tal da popular na escola e talvez, quem sabe, até adoraria jogar roleta russa com os calibres mais irados que encontrasse. Se bem que, naquela idade, nem lembro se havia calibre bom nesses ambientes escolares. Hoje tenho 47 anos e vejo esse povo todo como crianças.

Voltando de novo ao foco, o pai é um bunda mole, perdedor, fracassado, frustrado, que nem para ir ao cinema no dia do próprio aniversário prestou, porque a vontade da mulher se sobressaiu à dele, pois, para ela, valeria mais a pena ficarem todos em casa, remoendo o tragédia do filho preso, o crime que ele cometeu, a vizinhança na defensiva com eles. Ele até tentou ter um dia bom ao lado dela e da filha [irmã mais velha do pequeno Chuck em forma de gente], mas, na hora de ir ao cinema, que era o melhor momento em família, a bonita esperou todo mundo se arrumar para fazer seu drama e deixar todo mundo ainda mais triste. Uma bosta!

Não sei o que foi pior nessa produção: as causas embutidas a troco de nada, os pais que se culpavam, ou os dois terços de conteúdo completamente desnecessários. 

Vou dar um spoiler do momento final:

Quando a família dó-ré-mi voltava para casa após o homem se estressar por aí, o anjinho ligou, do pedacinho de céu onde está detido, e, após dar os parabéns ao pai, ficou querendo trocar uma ideia sem nenhum assunto. Serviu para vermos que quando o dia está uma bosta, sempre pode piorar. No meio daquele chove e não molha, nem caga e nem sai da moita, o pequeno Chuck falou que ia se declarar culpado -- o que caiu como uma bomba na consciência dos pais que, até então, queriam se enganar a respeito, mesmo o pai tendo visto o vídeo. Aquela tinha sido uma confissão a eles. O que mais restaria para se agarrarem pateticamente? Nada. 

Horas depois, todo mundo pronto para ir ao cinema, apesar do clima de velório, a mulher convence marido e filha a ficarem remoendo as agruras em casa. Enquanto as duas vão preparar algo que as engorde, o pai entra por um minuto no quarto do filho e tem uma crise de choro. Fim.

Deixando de lado esse estilo feio de contar, falando sério agora, a única cena que prestou, nessa produção inteira, foi esse final. O pai em mil pedaços, vendo-se completamente impotente diante do sistema que não terá piedade de seu filho homem. A cena do ursinho aperta o nosso coração, pois somos eternamente meninos e meninas aos olhos de nossos pais. E o seu menino, infelizmente, não terá as fases que todo menino vivenciará durante o desenvolvimento de sua vida. Ele está nas garras do sistema. 

Esse ator merecia um prêmio, não apenas por esse momento, que foi forte e disse mais que mil palavras sobre a dor de um pai ao "perder" seu filho, mas ele praticamente carregou a série nas costas.  

"Adolescência" é aquele prato requintado que poucos gostarão de apreciar. É preciso mais do que sensibilidade aguçada. É preciso QUERER apoiar a ideia. 

quarta-feira, 16 de abril de 2025

MEU FINADO PAI

Faço uma postagem, agora, dando margem para alguém dizer que ela seria ideal na época do dia dos pais - só que sou desorganizado, não me sinto nada bem tendo que  ficar preparando a postagem específica para ser blogada em data tal. Até penso que nesses períodos comemorativos fica muito conteúdo de todo mundo, então não quero colocar mais do mesmo, não quero ser mais um peixinho nesse cardume. 

Quando eu tinha o antigo Socializando, não via problema nenhum em postar os gibis que eu gostava, mesmo que ali eu falasse em uma história de Natal e estivéssemos em Julho, por exemplo. Eu acho estranho que minha pessoa desempregada - sem vínculo contratual com empresa nenhuma, serviço nenhum e pessoa nenhuma -, tenha que se submeter a essas convenções a troco de nada. Acho chato que você, agora, deve estar pensando em como me sustento, mas  acharia muito legal se você me enviasse um pix de qualquer valor para caldeirafabiano777@gmail.com ou caldeirafabiano33@gmail.com.

Hoje quero falar sobre meu pai. O Sr. Antonio Caldeira, filho da Sra. Rita Ravagnani Caldeira e marido de minha mãe: Maria Shirlei Espresola Caldeira. Não conheci meus dois avôs. Morreram antes de eu ter consciência de que era gente. Nem sei do quê. Acho que já me contaram algumas vezes, mas minha mente insiste em bloquear (talvez eu seja uma reencarnação de um deles, vá saber). 

Meu pai sempre foi severo conosco (severo, não violento!). Eu e minha irmã temos 3 anos de diferença, então crescemos participando da vida um do outro. Meu pai teve um bom trabalho em uma metalúrgica, o que não era nada fácil, mas ele tinha sorte em conquistar a confiança dos grandes, então, com o passar do tempo, tornou-se chefe em um dos setores mais importantes, mas isso foi algo conquistado durante muitos árduos anos em que tinha de ser forte, pontual e disponível até mesmo em muitas horas extras e viagens (poucas, na verdade, bem poucas, mas aconteceram). Os caras o chamavam de puxa-saco. Quem dera. Eu já trabalhei com ele, exatamente lá, e eu vi muito bem quem eram os tais puxa-sacos, os caras eram verdadeiras cobras traiçoeiras, mas tinha muita gente boa lá. Em um barracão com cerca de quinhentos homens, não era de se estranhar que houvesse gente de tudo que era jeito. Eu não fiquei mais do que quatro anos lá, mas meu pai fez carreira e se aposentou - largou o trampo, mesmo com os patrões implorando para que continuasse. 

A vida fez do meu pai uma pessoa rígida. A educação masculina daquela época era a de que homem não chorava. Aliás, homem não podia mostrar sentimento nenhum que não fosse relacionado aos bens que conquistava e ao amor pela sua mulher. Isso fez dele um homem que não sabia se comover, se expressar sentimentalmente. Mesmo nos últimos tempos, com seus 74 - ou 75? não sei -, em que ele se permitia ser mais descontraído e leve, era automático que o sentimentalismo não fazia parte de sua personalidade. Um exemplo:

Roubaram seu carro - pouco tempo antes de ele ir morar com Deus -, a gente sabia que aquele golzinho caramelo pálido era um mimo glorioso na vida dele. Eu passei boa parte da noite surtando em orações gritantes "Hosana Nas Alturas", em decretos e mentalizações com vela e um insenso atrás do outro, uma loucura que é dífícil de explicar, mas o lance era focar em uma concentração muito grande de energia focada no pedido de que encontrassem o bendido automóvel. Minha irmã, mais prática e com os pés no chão naquela época, preferiu falar com um certo mano que era muito chegado ao meu pai, porque meu pai o considerava como um filho e ajudava ele no bar e blá-blá-blá. O fato era, o roubo do carro havia abalado a gente, pois sabíamos que, àquela altura do campenato, meu pai doente não merecia passar por aquilo. Então era lógico que o coroa estava em mil pedaços, mas ele agia como se nem ligasse. Era estranho vê-lo pela casa em um conformismo que chegava a me incomodar. Em um momento, fui tocar no assunto, querendo expressar meu sentimento de comoção, minha solidariedade, e levei um baita coice que nem um cavalão de verdade conseguiria me dar. Tive vontade de xingá-lo e ir chorar em minha casa, mas aguentei o rojão e engoli o sapão. Mesmo naquela ocasião, o velho fazia questão de ser durão, e "ai" de quem viesse falar algo para fazê-lo sentir-se melhor. Não se sabe como, o tal mano do coração (como se fosse membro da família, só que não) deu notícias após um tempo o qual consideramos uma eternidade, dizendo que um amigo do amigo tinha visto o carro não sei aonde. Meu pai, pegou meu cunhado e virou um tiro até o lugar. Voltou todo realizado, todo bobo, com o gol de volta. Teve que mandar arrumar algumas coisas, mas essa ocupação até que fez bem para os dias monótonos que ele vinha tendo. Para quem agia com indiferença, era notório que meu pai tinha recuperado a alegria de viver - pena que não viveu muito após aquele período.

Ele se foi no dia 20 de Dezembro de 2018, fiquei sabendo na madrugada, antes de começar o terço da misericórdia no canal Canção Nova, que eu aguardava para pedir por ele. Muitas horas antes, eu tinha discutido com minha irmã, porque ela tinha autorizado os médicos a não reanimá-lo se sofresse uma parada cardíaca. Hoje entendo que fiz mal, pois o que ele duraria a mais, sendo bastante otimista, seriam uns dois dias - isso já esperando algo surrreal. Plantei nela uma culpa que não existe. Eu sou bom nessas coisas.

"A gente tem que entender a vontade de Deus", ela se defendeu.

"Só que não foi a vontade de Deus. Foi a sua vontade. O medico não perguntou pra Deus. Ele perguntou pra você.", o silêncio súbito dela me fez perceber o estrago, mas a merda já tinha saído. Não dá pra enfiar de volta a bosta no cu.

No fim das contas, acho que eu mereço a droga de vida que eu tenho, pois eu não sou bom. Se eu tivesse maior poder aquisitivo, acho que faria coisas desprezíveis, pois não me importo tanto com pessoas que me fazem sentir mal. É mais fácil me importar com gente estranha, gente distante, a alguém perto que me conheça.

Mas eu não estou lamentando. Ser ciente dessa natureza não é um lamento nem vitimização. É só uma constatação. A vida nunca foi boa comigo, e acho, sim, que muita gente tem sua parcela nisso, não vou carregar meus pesos sozinho. Aliás, eu não deveria carregar peso nenhum. Tento me convencer disso.

Voltando ao foco, para terminar, deixo registrado o último almoço de dia dos pais, quando ele ainda estava muito bem a ponto de nos enganarmos de que ele continuaria conosco por mais alguns anos. Fomos almoçar em um restaurante chamado Maria Pimenta, um bom espaço em um dos melhores lugares de ricos na cidade. Estava lotado e com música ao vivo - um cara sentado com uma viola cantava alguns clássicos da música brasileira. Lembrava um cowboy, mas a voz aveludada demais denunciava que era o cantor padrão de barzinhos que tanto se vê por aí, mas sabia muitas canções: Tião Carreiro & Pardinho, Milionário & José Rico, Chitãozinho & Xororó etc. O cantor dizia que atendia pedidos, então meu pai teve o ímpeto de ir até lá e pediu a música PAI, do Fábio Júnior. Não, meu pai não gostava do Fábio Júnior, mas a música PAI fazia ele pegar o cantor no colo, se precisasse. O homem pediu desculpas ao dizer que infelizmente não sabia a letra daquela música. Meu pai voltou para a mesa, eu acho, decepcionado. Aparentemente estava tudo bem, ele aproveitou o momento, mas fiquei chateado porque eu penso o seguinte: é almoço do dia dos pais, caralho! Como contratam um cantor para cantar no dias dos pais e esse cantor não conhece a música PAI? Que raio de cantor é esse? 

Foi um bom almoço. Tivemos um período bom depois, até que as coisas foram se complicando. Hoje é minha mãe quem está em tratamento. Ela está bem até demais. Mimada por muita gente, paparicada, ganha presentes, ganha até comida (ela não precisa!), mas não me engano, pois ninguém é Highlander. Minha irmã faz muito por ela, eu devo reconhecer. Para quem vivia feito cão e gato, até que as coisas amansaram um pouco - só um pouco, o suficiente para considerar a evolução dos dois Pokémons. Atribuo, sim, essa "melhora" ao fato de ela e meu cunhado estarem frequentando o centro espírita. Sempre tiveram um apreço por Kardec, agora resolveram frequentar o centro e se envolver um pouco mais. Uma doença grave sempre mexe, né? O fato de estarem tão próximas sempre opera alguma diferença. Hoje veem juntas a novela turca "Força de Mulher", que durante muito tempo mostrava como era difícil a mãe doente lidar com seus filhos pequenos na ausência do pai. A novela já mudou bastante o enredo, mas conquistou a gente aquele elenco, aquelas crianças, é um povo turco que nos faz lembrar de muita coisa dos tempos em que a vida era diferente, por isso rolou uma certa identificação. Logo ficaremos órfãos dessa novela. Ah, Ah!

Um abraço para quem ficou até aqui. Estou esperando meu pix! Ah, Ah! 

Meu pai e minha mãe

Minha irmá e meu cunhado

O almoço do dia dos pais

ZÉ CARIOCA - 1 CAPA, 2 REVSTAS

Ainda sob o mote dos quadrinhos Disney, estive visitando o blog de um velho amigo quando vi a capa que ele postou, da revista do Zé Carioca ...