Diziam que o velho cemitério à beira do rio era assombrado — não por fantasmas, mas por uma capivara de olhos vermelhos que vagava entre as lápides nas madrugadas enevoadas.
Ninguém sabia de onde viera, nem há quanto tempo estava ali. Ela surgia quando o sol morria, caminhando em silêncio sobre o tapete de folhas secas, sempre parando diante da mesma sepultura coberta de musgo e tempo. Era como se esperasse algo — ou alguém — que nunca mais voltaria.
Alguns moradores juravam ter ouvido seus lamentos, suaves como o roçar do vento, dolorosos como lembranças esquecidas. Outros diziam que ela era a reencarnação de uma alma solitária, uma guardiã de memórias perdidas. Seus olhos, rubros e úmidos, não pareciam ferozes, mas sim aflitos, como os de quem carrega um luto eterno.
Naquela noite, a lua cheia se escondia por trás de nuvens espessas. A capivara parou, como sempre, diante da lápide rachada. Sentou-se. E ficou ali, imóvel, encarando o vazio, como se o próprio tempo tivesse parado para lhe fazer companhia.
O vento soprou, arrastando folhas e sussurros.
E o cemitério, mais uma vez, mergulhou no silêncio — guardado por olhos vermelhos e um coração partido.
Rapaz, que capivara é essa...?? Se fosse um cachorro, ficaria mais claro, alguns já fizeram isso, ficar esperando o dono que não iria mais voltar. Tento captar as metáforas possíveis do seu conto e me vem muita coisa à cabeça.
ResponderExcluirA intenção é essa.
ExcluirSei não... acho que ao invés de capim esta capivara tá comendo é maconha.
ResponderExcluirAhahahahahahahah
ExcluirFabiano,
ResponderExcluirQue publicação mais
lúdica!
Para quem chega
até parece leitura
de um livro de historias
para aquelas rodas
literárias. Eu como
pessoa de teatro, já
vi logo uma baita cena.
Gostei desse
lado seu de escritor.
Desejo a você junto aos seus
um bom fim de semana.
Bjins
CatiahôAlc.
Oi, Cátia, que bom que você gostou. Um grande abraço ❤️☕️
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