Segundo conta hoje a matéria no jornal O ESTADO DE MINAS, parece ser sério a ida de Roulos para a Secretaria da Presidência da República. Por um momento, achei que fosse uma daquelas fakenews que eles mesmos plantam para gerar movimentação com a finalidade de não caírem no abismo dos excluídos que devem ser esquecidos, mas antes fosse, pois esse cidadão se sujou de livre e espontânea vontade ao articular para arquivarem o inquérito sobre a rachadinha do deputado com nome associado ao iogurte (pobre iogurte, tão gostoso, mas sendo lembrado por alguém tão besta).
Após o "ato heroico" em relação ao "amigo", Roulos se candidatou nas eleições municipais de SP, convicto de que ganharia, subestimando a inteligência de milhares de eleitores. O mal desse povo é que eles acham mesmo que pobre que ganha auxílio e cesta básica é fiel a tudo o que eles fizerem. Eles se negam a enxergar a verdadeira condição humana que não depende de renda, mas quanto mais pobre, menos compromissado o ser é, pois a vida já lhe é ordinária por natureza e ele não tem nada a perder. Então, se ele tiver que virar eleitor para que o outro engravatado da ideologia política concorrente venha tomar um cafezinho em sua casa -- e avaliar se a sua baranga fedendo a cebola e alho é comível --, ele vai fazer, e pelo mero prazer de se sentir importante por cinco minutos. Porque tudo que o pobre (na verdade, todo ser humano) mais quer é estar entre os grandes, não entre os chatos que só promovem a fofurice e agora querem ditar até o que a pessoa pode pensar. O pobre quer estar entre os poderosos que não estão nem aí para o que digam, desde que ainda possam ir até o litoral mais próximo para se apimentarem no Sol enquanto andam de JetSki.
Esse povo não aprende que ninguém deseja se espelhar naquele que se deixou crucificar e deu sua vida em sacrifício por toda a humanidade. O pobre não quer repartir o pão. Ele quer pegar os pães de todo mundo e usá-los para estar no comando da vida dos outros. A gente vê isso retratado muito bem no livro "Ensaio Sobre A Cegueira" [José Saramago], onde os cegos miseráveis, para obterem controle absoluto sobre todos os outros confinados, passaram a se apoderar da comida que a todos era distribuída. Simplesmente perceberam que, passando a mão em tudo, sob o viés de promover a organização, estariam com a sobrevivência do povo na palma de suas mãos. Dessa forma, era preciso que os demais cedessem às suas exigências, se quisesem um pouco daquele alimento.
As pessoas querem luxúria, mordomia e poder. Quanto mais miserável, mais mercenário, menos consciente, menos empático, menos coletivo o ser é. Pensar no bem-estar do vizinho ou de toda uma sociedade? Sensibilizar-se com as causas do planeta? Pobre não tem natureza para isso não. Ele recebe o auxílio do mês na segunda-feira e, no domingo, vota para eleger a oposição. Afinal, um dia ele ganha na loteria e se tornará um dos grandes [e não vai querer que ninguém meta o bedelho na maneira como administra a própria fortuna]. Ah, Ah!
Voltando ao cerne, será um grande erro incorporar Roulos junto a qualquer posição importante em relação à República. Se o chefe-mor da nação quer realmente um índice maior de desaprovação de seu governo, eis que essa é a cereja dos bolos, o gran finale para todo mundo entender o que fazer na próxima eleição.
Quando você está com uma pessoa, você não vai dar bolos queimados a ela, não é mesmo?
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